Como investir o dinheiro da conta inativa do FGTS

Março chegou e a partir do dia 10 deste mês, a Caixa Econômica Federal inicia o calendário de saques das contas inativas do FGTS, até dezembro de 2015. Mas, o que fazer após sacar os recursos do Fundo de Garantia? Para lhe auxiliar nessa questão, convidamos o economista e presidente da Ordem dos Economistas de Santa Catarina (OESC), Luiz Henrique Belloni Faria, para fornecer dicas sobre a melhor forma de aplicação do dinheiro.

Luiz Henrique Belloni Faria, Presidente da Ordem dos Economistas de Santa Catarina (OESC),

A orientação principal é consciência com o uso deste recurso. Afinal, o FGTS é um dinheiro que pertence ao trabalhador, por isso, seu uso deve ser feito com cuidado para comprometer a verba.

FCDL/SC – Qual a melhor forma de utilizar o dinheiro resgatado das contas inativas do Fundo de Garantia?

Presidente da OESC – Todo trabalhador com contrato de trabalho formal, regido pela CLT, dentre outros, têm direito ao FGTS. O Fundo vige desde 1967 e tem como intuito proteger os trabalhadores. Os recursos das contas individuais advêm dos empregadores e, também, dos acréscimos provenientes da atualização monetária e juros. As contas individuais permanecem intactas (daí o codinome inativas) até que ocorra um fato que permita o acesso, como, por exemplo, demissão sem justa causa, invalidez e aposentadoria.

Independente das condições legalmente impostas para se ter o acesso às contas inativas, o governo resolveu ofertar a possibilidade de acesso a elas com o objetivo de incrementar o mercado através do fomento das vendas e, por conseqüência, o aumento do volume de moedas em circulação. Aproximadamente, 11 milhões de brasileiros injetarão R$ 30 bilhões na economia. Esse dinheiro deve ser usado com consciência e planejamento por parte dos beneficiados.

Diante mão, afirmo de pronto uma situação, um erro que o trabalhador jamais deve incorrer: cair na armadilha das instituições financeiras que ofertam a possibilidade de antecipar o valor a ser recebido já que há um cronograma de pagamento elaborado de acordo com o mês de nascimento do trabalhador. Essa possibilidade representa significativa perda.

FCDL/SC – O que a pessoa deve priorizar na hora de utilizar este dinheiro?

Presidente da OESC – Sempre que se busca “prioridades quando tratamos de valores” levantamos uma situação que deve ser tratada com cuidado. A melhor dica àqueles que têm dívidas, realidade que ocorre com a grande maioria dos brasileiros, deve ser priorizado o pagamento das mesmas. Aqui cabem dois adendos: o primeiro diz respeito a preferência pelas dívidas oriundas do mercado lojista, de serviços e outros, sempre deixando por último as provenientes de cartão de crédito, cheque especial e outras do sistema financeiro, pois esses são menos acessíveis às negociações do que, por exemplo, as do mercado de serviços e lojista. O segundo é pesquisar qual o local, dentro do segmento do mercado, que oferece maiores vantagens à negociação.

Caso o trabalhador não tenha dívidas vencidas, uma ótima opção é ir buscar vantagens à quitação de parcelas vincendas. Caso isso não interesse ou não seja encontrada uma proposta vantajosa, é salutar reservar parte do montante para gastos futuros (reserva) e, também, este trabalhador ter consciência que ele é uma exceção dentro de um contexto, considerando a quantidade de endividados.

FCDL/SC – Aplicar o dinheiro também é uma boa opção?

Presidente da OESC – Aplicação sempre é uma ótima opção quando ao final de um período temporal, pagos os compromissos, há sobras de recursos. Nesse caso, um leque de possibilidades é ofertado. Não se pode fazer loucuras com o dinheiro, deixando-o na caderneta de poupança, por exemplo, pois, com a forma de correção atual, o saldo será corroído pela inflação. Outro aspecto importante é salientar que o valor disponibilizado na conta deve ser retirado, pois o fundo tem rendimento sofrível, menor, inclusive, que o da poupança.

FCDL/SC – Quais são as opções mais rentáveis?

Presidente da OESC – Responderei em forma de exemplos:

1. Se deixar o dinheiro no FGTS
Mantendo o dinheiro no FGTS, se você tiver R$ 1.000,00 hoje, deverá ter, em fevereiro de 2018, algo próximo de R$ 1.042,36. Isso, considerando a regra atual de remuneração do FGTS, que é TR + 3% ao ano. É um péssimo rendimento, comparado ao proporcionado por outras opções de aplicação.

2. Se aplicar na caderneta de poupança
Considerando os mesmos R$ 1.000,00 iniciais do item anterior, você terá, ao final de 12 meses, algo próximo de R$ 1.074,42.

3. Se aplicar no Tesouro Selic
O título emitido pelo Tesouro Nacional garante como rendimento a Taxa Selic do período em que o dinheiro ficar aplicado + um percentual ao ano. Hoje esse percentual está em 0,06% ao ano. Para efeito de exemplo, vou considerar os seguintes números: taxa de custódia cobrada pela BM&Fovespa de 0,30% ao ano; taxa cobrada pela corretora de 0,10% ao ano; Imposto de Renda de 17,5%; e Taxa Selic projetada de 10,55% ao ano. Neste cenário, os R$ 1.000,00 aplicados em fevereiro de 2017 resultarão, ao final de 12 meses, um valor líquido de R$ 1.083,16.

Para R$ 5.000,00 ou mais, existem outras opções:

LCI ou LCA
Emitidos pelos bancos, esses títulos são isentos de Imposto de Renda e têm vários vencimentos e rendimentos diferentes, dependendo do emissor. O rendimento médio é de 90% ao ano. Assim, em um ano de aplicação, o resultado líquido, para quem investiu R$ 5.000,00, será de R$ 5.472,35.

CDB Certificado de Depósito Bancário
Nesta modalidade de título, emitido pelos bancos, o investidor paga Imposto de Renda sobre o rendimento obtido. Aplicando os mesmos R$ 5 mil do exemplo anterior e considerando o cenário atual de taxas de 10,90% ao ano no papel prefixado e de 108% do CDI no título pós-fixado, o investidor conseguiria, ao final de 12 meses, um resultado líquido de R$ 5.449,63 no pré e de R$ 5.471,92 no pós.

Conclusão

Não deixe o seu dinheiro depositado no FGTS nem na poupança, pois terá um péssimo rendimento. Repare isso nas simulações feitas. Ao sacar, primeiro pague as suas dívidas que sofrem incidência de taxas muito mais altas que aquelas que você irá receber nas aplicações. Só depois de quitar tudo é que você deve pensar nas aplicações.

Mas atenção: “Evite consumir sem propósito, pois estamos apenas nos primeiros passos da saída de uma crise econômica severa”.

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