Muitas ideias e valores passam de pai para filho e alguns negócios também. Grandes empresas são ou já foram um negócio familiar, mas é comum que o assunto seja polêmico, principalmente quando se trata da administração por familiares. É um modelo de gestão muito questionado, mas que também é alvo de preconceitos, pois nem sempre uma administração tocada pela família é ineficiente ou com pessoas que pouco trabalham e apenas aproveitam as vantagens de ter um negócio próprio.
A verdade é que, assim como uma empresa que não é familiar, esse modelo de negócio é carregado de desafios, mas com um ponto mais delicado de lidar: as emoções que envolvem trabalhar com pessoas que tem laços sanguíneos e relações pessoais. Alguns cuidados e práticas fazem a diferença para uma rotina mais tranquila e uma empresa familiar sólida, saudável e eficiente. Confira:
– Mesmo com os laços familiares, o ideal é que cada sócio tenha um papel e o entenda. Cada um deve ter as suas obrigações e direitos definidos;
– Quando os herdeiros assumirem alguma posição na empresa, é preciso definir regras e condições claras para continuar o modelo de gestão dos fundadores e até mesmo melhorá-lo, se necessário;
– Informações transparentes fazem toda a diferença. Fale a verdade sempre!
– O planejamento estratégico é fundamental para definir os próximos passos para o negócio, assim como objetivos claros e as ações de cada um dos sócios;
– Antes de assumirem o seu papel na empresa, os herdeiros devem conhecer muito bem o negócio. Isso ajuda a não ter tantas transições traumáticas e minimiza erros, além de preparar os colaboradores para uma nova liderança;
– Assim como qualquer profissão, um herdeiro precisa sentir que gosta e quer assumir uma função na empresa. É preciso ter vocação para ser empreender!
– Uma empresa familiar não pode se tornar um cabide de empregos. Um membro da família precisa ter qualificação para exercer algum cargo e não trabalhar apenas para se colocar no mercado de trabalho ou melhorar a sua condição financeira;
– Por último e bem importante, os assuntos profissionais e pessoais precisam ser separados. Além disso, é fundamental separar as finanças de “casa”e da empresa.
Confira as características das empresas familiares (Fonte: SEBRAE)
Pontos fortes
- Comando único e centralizado, permitindo reações rápidas em situações de emergência;
- Estrutura administrativa e operacional “enxuta”;
- Disponibilidade de recursos financeiros e administrativos para autofinanciamento obtido de poupança compulsória feita pela família;
- Importantes relações comunitárias e comerciais decorrentes de um nome respeitado;
- Organização interna leal e dedicada;
- Forte valorização da confiança mútua, independentemente de vínculo familiares. A formação de laços entre empregados antigos e os proprietários exerce papel importante no desempenho da empresa;
- Grupo interessado e unido em torno do fundador;
- Sensibilidade em relação ao bem-estar dos empregados e da comunidade onde atua;
- Continuidade e integridade de diretrizes administrativas e de focos de atenção da empresa.
Pontos fracos
- Dificuldades na separação entre o que é intuitivo/emocional e racional, tendendo mais para o primeiro;
- A postura de autoritarismo e austeridade do fundador, na forma de vestir ou na administração dos gastos, se alterna com atitudes de paternalismo, que acabam sendo usadas como forma de manipulação;
- Exigência de dedicação exclusiva dos familiares, priorizando os interesses da empresa;
- Laços afetivos extremamente fortes, influenciando os comportamentos, relacionamentos e decisões da empresa;
- Valorização da antiguidade como um atributo que supera a exigência de eficácia ou competência;
- Expectativa de alta fidelidade dos empregados. Isto pode gerar um comportamento de submissão, sufocando a criatividade;
- Jogos de poder, nos quais muitas vezes vale mais a habilidade política do que a característica ou competência administrativa.