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Amazon pretende reforçar monitoramento de preços
“A Amazon é obcecada com a experiência do cliente e sua marca tem oportunidades de melhorias que serão possíveis com a transição completa de seu negócio para a Central de Fornecedores. Como resultado, tomamos a decisão de adquirir seus produtos para venda somente pela Amazon e sua conta existente da Central de Vendedores será encerrada dentro de 30 dias a partir deste e-mail”.
O texto acima foi enviado pela Amazon para várias marcas que vendiam diretamente para os consumidores. As vantagens de vender no marketplace incluem a capacidade de controlar o preço de venda das mercadorias, executar promoções e obter mais dados sobre o desempenho dos produtos e quem os está comprando.
É justamente a capacidade de controlar o preço que a Amazon vem deixando menos acessível aos seus parceiros. Ao invés de vender itens diretamente para os consumidores, alguns parceiros agora têm apenas o direito de vender vários itens para a Amazon a preço de atacado. A empresa de Jeff Bezos fica responsável por atuar como vendedora e por determinar o custo de varejo dos produtos.
Acredita-se que os movimentos de poder também sejam um prelúdio para um novo sistema interno que a Amazon ainda não lançou, o One Vendor. A nova iniciativa canalizará grandes marcas e vendedores independentes no mesmo sistema em um suposto esforço para melhorar a uniformidade da experiência de compra em toda a Amazon no lado voltado para o público.
De acordo com o portal Digiday, o One Vendor deve ser lançado nos próximos seis meses. O sistema vai juntar a central de fornecedores com a central de vendedores. A Amazon nega que esteja desenvolvendo a nova plataforma, mas ex-funcionários da companhia relatam que já trabalharam no projeto. Além do controle sobre como as marcas aparecem no marketplace, a Amazon ganharia em eficiência, já que teria apenas uma plataforma para administrar.
Vendor Central x Seller Central
Hoje, as marcas que querem vender na Amazon podem optar por se inscreverem no Vendor Central ou no Seller Central. O primeiro sistema foi feito para os fornecedores. Para eles, o controle da Amazon não é novidade, a empresa deixa claro que, se quiserem ser fornecedores, a Amazon espera “ter a opção de adquirir esses produtos em condições competitivas”.
Portanto, a regra não mudou, o que a Amazon quer mudar é a fiscalização. Caso o One Vendor se concretize, a mudança principal deve ser sentida pelas empresas cadastradas no Seller Central, que tem os dados das marcas que usam o marketplace apenas como uma ponte para alcançar os clientes.
Caso PopSockets
Os atacadistas vêm sofrendo com o desejo da gigante de ter mais controle sobre os preços. Recentemente, a PopSockets, empresa que produz e vende acessórios para celulares, encerrou uma parceria que durou dois anos com a Amazon por julgar que relacionamento era abusivo.
A dona dos acessórios vendia os produtos a preço de atacado para a Amazon, que definia os preços no varejo. O relacionamento entre as empresas foi se deteriorando à medida que a Amazon pedia constantemente uma redução dos preços para a PopSockets.
Então, a empresa de gadgets passou a vender seus produtos para outro parceiro que comercializava os acessórios para o consumidor dentro do marketplace. Mas, citando uma nova política, a Amazon impediu a venda dos produtos por terceiros. “Jeff Bezos realmente sabe o que está acontecendo aqui? Não consigo imaginar que ele acredite que seja uma boa ideia”, disse o CEO da PopSockets ao portal Recode depois de anunciar o fim da parceria.
Histórico
A Amazon começou adquirindo produtos a preços de atacado diretamente de fabricantes e depois vendendo-os a preços de varejo para os clientes. Porém, em 2002, a empresa lançou o Amazon Marketplace, plataforma na qual os comerciantes podem vender as mercadorias diretamente para os clientes. A intenção era expandir o portfólio e terceirizar o risco de manter um estoque.
Para os clientes, nem sempre é perceptível quando um produto é proveniente da Amazon ou de outro comerciante, isso porque a empresa trabalhou para que isso não importe. Em 2006, a Amazon passou a oferecer um programa que administra o armazenamento, o atendimento de pedidos e o atendimento ao cliente dos produtos vendidos na plataforma, o Fulfillment by Amazon.
Hoje, o Amazon Marketplace responde por 53% de todos os itens físicos vendidos na Amazon. Ou seja, a maioria das vendas é feita por terceiros. Ao lançar o OneVendor, a Amazon espera ter maior controle sobre os estabelecimentos parceiros. A empresa pode definir em qual plataforma – Amazon Retail (para fornecedores) ou Amazon Marketplace (para comerciantes) – os produtos serão vendidos.
Assim, a influência sobre o preço dos produtos vem acompanhada de um controle mais rígido sobre a atuação de todos os players no marketplace. Algumas marcas, como a PopSockets, podem não gostar, mas a Amazon deve usar todo o seu poder de influência. Essa demonstração de força independe da nova plataforma, o OneVendor, e se relaciona mais com um movimento estratégico da empresa. Resta saber se seus parceiros vão aceitar.
Fonte: Portal Consumidor Moderno