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Como adaptar sua empresa do analógico para o digital
Comércio fechado, isolamento social e clientes confinados dão o empurrão que faltava para negócios mergulharem no universo online em tempos de coronavírus; dicas ajudam a lidar com comunicação, vendas e logística
Apenas no Estado de São Paulo, 460 mil estabelecimentos estão impedidos de realizar atendimentos presenciais, o que representa 70% do comércio e faturamento médio de R$ 1 bilhão por dia, segundo a Fecomercio-SP. Já o Serasa Experian registrou queda de 16,2% na atividade do comércio em março, índice recorde da série histórica que começou nos anos 2000. Os dados mostram as consequências no setor das medidas de isolamento social adotadas para conter o avanço da contaminação pelo novo coronavírus.
Aos mesmo tempo, as vendas online cresceram. De acordo com o Ebit Nielsen, as áreas de eletrodomésticos (+21%), informática (+22,3%), casa e decoração (+23,5%), telefonia (+12%) e eletrônicos (+20,3%) são as que mais contribuíram para o crescimento total do faturamento de vendas online na semana entre 31 de março e 6 de abril. Em todo o e-commerce, o aumento foi de 18,5% no período. Ainda segundo a instituição, o número de pedidos aumentou mesmo diante de prazos de entrega até quatro vezes maiores.
O que fazer então nesse momento? Fechar as portas e se conectar. Para os pequenos negócios, migrar do analógico para o online não é mais questão de transformação digital. É sobrevivência. Uma pesquisa do Google realizada em 2017 mostra que 40% dos pequenos negócios no Brasil não tinham nenhum tipo de presença digital.
Conversamos com especialistas para coletar dicas e ajudar você a começar um novo capítulo na sua empresa. Empreendedores que partiram para a operação online por conta da pandemia também contam um pouco de suas (breves) experiências.
Como Começar
Prepare-se para abrir um novo negócio. Sim, por mais que sua loja física exista há décadas ou que você já tenha canais de comunicação online com seu cliente (como as redes sociais), vender na internet requer outra lógica.
“É preciso o mínimo de planejamento. Prepare uma estrutura à parte para o estoque, esteja sempre conectado para não responder ou identificar o pedido com dias de atraso e entenda como vai ser a logística da entrega”, explica Renata Carvalho, coordenadora do Ciclo MPE da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. “Dominar essa nova dinâmica é fundamental para o sucesso nas vendas”, completa.
Para a consultora do Sebrae-SP Ariadne Mecate, a melhor forma para o empreendedor entender todos os processos de venda pela internet é descrevê-los. “Não é só montar um site. Enumere todos as etapas da compra e descreva quais são as suas soluções para elas”, diz. A seguir, as etapas:
1 – Ferramentas de venda
E-commerce próprio
Reflita. Qual será a plataforma escolhida? Gratuita ou paga? Você tem conhecimentos para montar a própria loja online? Se não, tem capital para investir na contratação de um profissional?
Marketplaces
Os marketplaces são a alternativa mais simples e rápida para ganhar tempo. Da Amazon ao Elo7, mapeamos 61 marketplaces que aceitam venda de produtos de PMEs em suas plataformas. Clique aqui e saiba como se cadastrar, qual é a taxa cobrada pela venda em cada uma delas e ainda descubra quais realizam a gestão do frete.
“Começar por uma plataforma alugada (como um marketplace) pode ser mais em conta financeiramente”, pontua Ariadne. Renata Carvalho ressalta que começar com baixo investimento é o ideal nesse momento.
Redes sociais
O Instagram, por exemplo, oferece ferramentas para criar a loja no perfil da sua marca. Outro possibilidade é utilizar o WhatsApp Business.
Aplicativos de delivery
Para empreendedores do setor de alimentação, é possível se cadastrar em plataformas de delivery, como iFood, Rappi e Uber Eats. Há também ferramentas de nicho, como a Vem de Bolo (para confeiteiras) e a Eats for You (para quem faz marmitas).
2 – Meios de pagamento
A Fecomercio-SP orienta que meios de pagamento online, como PicPay, Mercado Pago e AME, que não necessitam de maquininha de cartão, sejam utilizadas para facilitar essa etapa durante o isolamento social. Muitos empreendedores que utilizam o WhatsApp Business optam também pela transferência bancária.
Mas, se preferir optar pela maquininha, com a higienização dos equipamentos após cada uso para evitar contaminação pelo novo coronavírus, veja aqui nosso mapeamento das opções disponíveis no mercado.
3- Logística de entrega
Os Correios têm uma solução voltada para as pequenas e médias empresas, a Correio Log +, que reúne armazenamento da mercadoria, embalagem e distribuição. Com ela, é possível deixar seu estoque em um espaço físico dos Correios e eles fazem o gerenciamento de todo o processo de envio do produto.
Saiba mais sobre a solução no site dos Correios. Para dúvidas, envie e-mail para logisticaspm@correios.com.br ou ligue no telefone (11) 4313-8403. Ainda que as empresas tenham restringido seus serviços durante a quarentena, esse serviço dos Correios segue funcionando normalmente.
Confira também como funcionam os serviços das logtechs, startups do setor de logística que ajudam empreendedores e marketplaces a entregar os produtos em todo o País.
Dica de ouro
Lembre-se da logística reversa. “Pelo Código de Defesa do Consumidor, o cliente tem até sete dias a partir do dia em que ele recebeu o produto para se arrepender da compra sem precisar dar nenhuma explicação. E o frete de devolução do produto é por conta do empreendedor”, alerta Ariadne.
A especialista ressalta ainda que é preciso pensar na forma em que esse cliente vai devolver o produto. Algumas opções: 1) o cliente devolve o produto via Correios por meio de um código de postagem gerado pelo empreendedor; 2) a retirada do produto é feita em casa, caso cliente e empresa estejam na mesma cidade; 3) a devolução do produto é feita pelo cliente na loja física (se houver).
Fonte: Estadão PME