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Gostar de problemas pode ser bom para os negócios
Qual seria sua reação se alguém dissesse que você precisa gostar de problemas? Acharia, no mínimo, estranho. Não é para menos. A maioria das pessoas ainda se sente insegura diante deles. O que poucos entendem é que os problemas podem impulsionar o sucesso de profissionais e de empresas. Uma das pessoas que defendem essa linha de pensamento é o escritor e palestrante Roberto Shinyashiki.
Afinal, enfrentar um problema pode levar as equipes a sair da caixa e buscar soluções inovadoras. Mas, para isso, é preciso garantir um ambiente de trabalho favorável, em que seja possível errar sem constrangimento. Quando isso não existe, ocorre justamente o oposto.
Nesses casos, a primeira atitude diante de um problema é fugir, como explica Francis Nakada, consultor sênior da Produtive Carreira. Depois, o profissional tenta passá-lo adiante e, na sequência, vem a procrastinação de quem está com a batata quente nas mãos. Boa parte desse comportamento se explica por questões culturais. “A palavra problema já vem carregada de sentido negativo. Junto vem o medo de errar, de se frustrar e de não saber como agir”, explica Maria Amália Forte Banzato, especialista em Psicologia Social e fundadora e diretora do Espaço Ser e Integrar.
Acompanhar o desenvolvimento do funcionário e da empresa, promovendo uma evolução constante de ambos, ajuda a mudar a forma de encarar os problemas. “Eles sempre vão existir”, afirma Nakada. “A implantação de um novo sistema de gestão ou de logística, por exemplo, não significa que os problemas vão acabar de vez. Aquelas dificuldades vão embora, mas surgirão outras. É esse olhar que precisa ser frequente para se ter um espaço de discussão, no qual as novas soluções sejam criadas”, completa o consultor.
Há, portanto, muitas vantagens em transformar as dificuldades em alavancas positivas para o negócio e os colaboradores. É por isso que o escritor Shinyashiki vê o sucesso vindo de questões problemáticas. “Você tem que crescer quando os problemas surgem”, recomenda. Veja a seguir como transformá-los em oportunidades.
De cara com o problema
Em primeiro lugar, é preciso ter coragem de encarar o problema e identificar a origem, afirma Angélica Guidoni, sócia da Trajeto RH. Para a consultora, eles vêm de várias fontes diferentes. “A mais crítica diz respeito à pessoa que não está conectada com os negócios e sem motivação”, afirma.
Fora isso, diz Angélica, as demais situações devem ser encaradas de forma positiva. É o que acontece, por exemplo, quando se está desenhando novos processos. Os problemas que provavelmente surgirão devem ser vistos como oportunidade de melhoria e de criar algo novo. “As pessoas que inovam cometem erros inteligentes”, ressalta.
Quando o supermercadista introduz uma nova linha de produto, que não está dando certo, é o momento de revisar objetivos e procedimentos. A postura diante do problema separa o empresário de sucesso dos demais. O consultor Francis Nakada também acredita que problema não é um bicho de sete cabeças. Ele chama atenção para o fato de que, em muitas empresas, eles são institucionalizados. Aquela velha história de que sempre foi assim é fruto da acomodação de toda a estrutura. Quando isso acontece, nenhuma inovação surge. “Os processos criativos geralmente acabam sendo gerados após um desconforto”, explica Nakada.
Medo do problema
Para a consultora Angélica, pessoas que tiveram ou têm experiências de vida pautadas em muita rigidez costumam ter mais medo de errar. Nesses casos, não existe chance de cometer equívocos e aprender com eles, o que leva ao receio de se expor.
“O primeiro passo para vencer o medo é a pessoa olhar para dentro dela mesma e descobrir de onde ele vem. Enquanto a pessoa não tiver consciência da origem do medo, ela não terá a chance de melhorar. Primeiramente, é preciso ter autoconhecimento”, afirma a consultora.
À medida que a pessoa localiza os pontos falhos, ela passa a aceitá-los como um alicerce para o crescimento. Segundo Angélica, se a falha é de habilidade técnica, fazer um curso pode espantar o medo. Caso seja comportamental, deve-se ter atenção à forma de se relacionar no trabalho. “É sinal de boa saúde quando o indivíduo reconhece que errou e se prepara para isso não acontecer novamente. Estamos falando de inteligência emocional. Conseguir perceber, olhar para si e transformar a dificuldade em melhoria”, diz a especialista. Com isso, a pessoa se sente mais segura para enfrentar problemas.
Amigo do problema
As empresas têm papel importante para ajudar os funcionários a enfrentar o medo de problemas. Para Nakada, é preciso incentivar uma discussão aberta, envolvendo todos os times, e não apenas setores específicos. Mas essa mudança precisa vir de cima para baixo. “O corpo diretivo deve estimular, além da solução de problemas, a abertura a novas ideias. Desse modo, o profissional acaba se sentindo à vontade para expor algo que pode ajudar sua área e as demais”, afirma o consultor.
Ao compartilhar problemas, o senso coletivo ganha força. “Essa sinergia é fundamental porque acaba com a cultura de buscar um culpado. A ideia não é fazer uma caça às bruxas”, completa Nakada. Entre as iniciativas para criar um ambiente favorável à discussão, segundo a consultora Maria Amália, estão conhecer bem o papel de cada integrante e ter conhecimento dos objetivos a ser alcançados.
Também é essencial entender o quanto as diferenças contribuem para integrar os mais variados pontos de vista e habilidades. Soma-se a isso o trabalho em equipe, com todos entendendo que o sucesso de uma empreitada acontece quando as competências são somadas.
Fonte: Portal SM