Bons vendedores conhecem abordagens convincentes para vender produtos. Os melhores têm retórica e capacidade para reconhecer os tipos de clientes que estão diante deles e elaborar estratégias únicas. Francisco Orihuela, o Paco, um jovem de 15 anos que fabrica e vende empanadas – alimento parecido com o nosso pastel de forno – em Acapulco, se destaca entre os demais comerciantes do balneário mexicano.
No final de outubro, um vídeo gravado por um casal de clientes viralizou na internet. “Se você provar esta empanada e a qualidade não for suficientemente boa para satisfazer seu paladar, devolvemos imediatamente seu dinheiro”, elabora o rapaz, com uma retórica impecável.
Convencido de que a sua imagem é parte do produto, crava: “você poderá contar em casa que ajudou um simpático vendedor de empanadas que tinha um pouco de atitude, que fazia algo diferente dos outros vendedores”. Desse jeito, uma massa recheada com queijo e presunto se transforma em um produto muito mais sedutor e valioso. Marketing puro.
O vídeo viralizou rapidamente e o jovem atraiu a atenção de Arturo Elías Ayub, genro do bilionário Carlos Slim e diretor de parcerias estratégicas da América Móvil – no Brasil, a companhia controla a Claro, a Embratel e a NET. Em um apelo nas redes sociais, Ayub pediu o contato do rapaz para fazer uma proposta. “O México tem garotos como Paco, honestos, que querem trabalhar, são empreendedores natos e têm que ser apoiados”, disse aos pais, segundo reportagem da BBC.
A proposta seria custear os estudos de Francisco e uma oportunidade de trabalho na empresa de telecomunicações. Porém tanto a família quanto Paco rejeitaram a oferta. “Não precisamos de ajuda, foi só um vídeo que ficou popular”, disse o jovem. Em nota à BBC, a América Móvil afirmou que “a intenção nunca foi gerar publicidade, mas oferecer uma ajuda pessoal por meio do diretor Arturo Elías”.
No próprio vídeo que viralizou, o vendedor comenta, citando Martin Luther King, que para subir uma escada, é necessário escalar degrau por degrau – a citação original tem uma conotação um pouco diferente: “suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo”.
Francisco Orihuela é o quinto de oito irmãos e, ao contrário do que parece, a renda das empanadas não é necessária para sustentar a família. “É mais do que um trabalho, eu me divirto e me sinto bem”, conta. De acordo com sua mãe, Aurea, o jovem aprendia muito rápido na escola e logo era adiantado para séries posteriores. Atualmente ele é educado em casa e faz provas de equivalência periodicamente. “Fui educado pela minha mãe no mais puro estilo dos anos 70. Me passaram os valores, o bom gosto e o amor a tudo o que faço”, conta.

Técnicas

Além de uma articulação perfeita, é possível perceber que Paco é cuidadoso com a comunicação corporal, atento a detalhes e usa estrategicamente – com uma boa dose de simpatia – a pose de “marqueteiro do futuro”. Além disso, ele entende a própria venda como um processo, não um evento.
Paco lembra que a venda começa antes da abordagem. “Olho para cada cliente, analiso e digo: ‘para esse vou oferecer empanadas assim'”, relata à BBC. “Faço a propaganda para convencê-lo de que é especial. Depois, rimos juntos do meu empenho. É aí que fecho a venda”, conclui. Seu cabedal de talentos inclui a capacidade de pronunciar frases em vários idiomas – inglês, francês, holandês, alemão, português e árabe. Para ele, o principal comportamento para que a venda seja realizada é a atitude. “Atitude é a vontade que você tem de fazer bem o seu trabalho”, diz.

Fonte: Portal Varejista