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Lições de liderança do futebol para o mundo corporativo
Nascido em uma aldeia de 4 mil habitantes, Hallgrimsson nunca imaginou que se
tornaria um jogador profissional. Quando criança, queria ser piloto, mas acabou
seguindo a odontologia. Ao contrário da maioria dos dentistas, no entanto, ele
também trabalhava como jogador de futebol profissional e, em 2011, tornou-se
auxiliar-técnico da Seleção Islandesa de Futebol. Segundo ele, há mais semelhanças
entre o trabalho de treinadores e de dentistas do que podemos imaginar. “No papel
de dentista, temos que nos adaptar aos pacientes. O mesmo acontece com os
jogadores de futebol. Como técnicos precisamos nos adequar a eles”, diz.
A maioria dos islandeses é multifacetada. Alguns jogadores da seleção nacional de
futebol também trabalham em outras profissões. Hallgrimsson diz que esse traço
pode estar enraizado na cultura do país. “Os islandeses são um pouco
individualistas. Como não temos muitas pessoas ao nosso redor, apenas
arregaçamos as mangas e fazemos o que precisa ser feito. Talvez não sejamos os
melhores, mas ainda fazemos isso.”
O esporte, especialmente em nível nacional, sempre foi motivo de orgulho para o
país. Milhares de fãs islandeses impressionaram o mundo quando realizaram o
famoso grito viking durante a Eurocopa de 2016, um dos eventos mais memoráveis
da história recente do futebol.
“Não temos um exército na Islândia. Seríamos facilmente derrotados devido aos
nossos números. Acredito que as equipes esportivas nacionais fazem um pouco esse
papel. É por isso que os fãs se reúnem e se orgulham – eles representam a Islândia.”
Poucas das conquistas do futebol islandês teriam se materializado sem as
habilidades de liderança de Hallgrimsson. Grandes progressos no desenvolvimento
da cultura em torno do esporte foram percebidos graças à iniciativa de se reunir
com os fãs em um bar antes de cada jogo nacional para discutir a estratégia da
equipe, os desafios enfrentados e como planejam administrá-los.
Internamente, Hallgrimsson valoriza uma cultura em que a equipe é mais
importante do que apenas uma pessoa. Deste modo, ele prefere jogadores que
tenham a mesma mentalidade. “Você não quer uma pessoa que seja um pouco
melhor, tecnicamente, se ela for destruir o time. Temos jogadores muito bons em
nossa equipe, mas eles ainda exaltam nossos valores. Temos muitos que lideram
pelo exemplo.”
Para a equipe, o feedback é dado em grupo, enquanto as críticas são feitas
individualmente, mas o técnico diz que “se é uma boa lição para o grupo,
geralmente perguntamos se podemos compartilhar em uma reunião de equipe”.
A maior força da equipe islandesa, em muitos aspectos, é que ela é, sem remorso,
islandesa. “Se tentássemos fazer tudo da mesma maneira que os franceses ou
ingleses, seríamos uma réplica ruim. Por isso, temos de encontrar as áreas em que
podemos ser mais fortes, sempre tentar melhorar e parar de nos preocuparmos
com as coisas nas quais não podemos ser melhores.”
Após sete anos como técnico da equipe nacional, Hallgrimsson decidiu que o time
precisava de um novo líder, capaz de trazer uma nova perspectiva. No entanto, ele
está ansioso para permanecer no mundo do futebol.
“Tenho objetivos claros na minha vida. Quero ser treinador em um bom ambiente.
Gostaria de me desafiar, sair da minha zona de conforto e treinar um clube de
futebol profissional. Talvez eu acabe no Canadá”, disse. Mas o Canadá terá que
esperar. Hallgrimsson foi recentemente contratado como técnico do clube do Qatar
Stars League, o Al-Arabi Sports Club.
Fonte: Forbes