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Magazine Luiza sofre as dores de tentar ser a Amazon
O Magazine Luiza, varejista queridinho de investidores, sente as dores de sua
transformação digital. No caminho para se tornar a Amazon brasileira, a companhia
vem enfrentando problemas semelhantes aos que afetam a gigante americana.
Depois da divulgação de resultados do terceiro trimestre, apesar de números positivos
e empolgantes, as ações da companhia caíram mais de 8% após a divulgação dos
resultados. Acostumados a resultados surpreendentes, analistas reagiram à queda da
margem Ebitda, que foi de 7,6%, 1,1 ponto porcentual menor em relação ao mesmo
período do ano anterior.
De acordo com o presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, as margens
menores fazem parte do plano, anunciado desde o começo do ano, de investir mais no
cliente. Além disso, as dores fazem parte do processo de crescimento. “Uma empresa
não consegue crescer exponencialmente com aumento porcentual de margem”,
afirmou ele em teleconferência com analistas.
“Empresas digitais, como Google, Alibaba e Amazon, estão focadas em indicadores
como aumento das vendas e na base de clientes, e não na margem. Para sermos uma
empresa digital, precisamos jogar esse jogo”, afirmou Trajano. No entanto, além de se
basear nas estratégias de algumas das maiores companhias do mundo, o Magazine
também sente as dores e obstáculos que eles enfrentam.
Mais investimentos
O presidente garante que o investimento, ainda que exerça pressão momentânea nas
margens da companhia, terá um retorno ainda maior no futuro. Isso porque a
explicação para a redução da margem é o investimento maior, de 234 milhões de reais
até agora contra 126 milhões de reais nos nove primeiros meses do ano passado.
A empresa está investindo principalmente em logística, para acelerar as entregas, em
tecnologia e em abertura e reforma de lojas. Os esforços incluindo incluem dois novos
centros de distribuição, que possibilitam que 30% das entregas sejam feitas em até 48
horas. Dessa forma, está atraindo novos clientes e que comprarão mais
frequentemente, por conta do investimento no cartão de crédito da companhia.
A transformação da companhia, que quer deixar se tornar uma empresa digital com
pontos físicos, a fez ganhar relevância aos olhos de investidores. Desde o começo do
ano, suas ações valorizaram quase 190%.
No terceiro trimestre, mais uma vez apresentou números fortes de crescimento, como
aumento de 34% nas vendas e de 29% no lucro. No comércio eletrônico, a alta foi ainda
maior, de 55%, e o canal já representa 36% das vendas da companhia. O mercado de
móveis e eletrodomésticos caiu 2,2% até agosto, de acordo com o IBGE, enquanto o
comércio eletrônico cresceu 8% no terceiro trimestre segundo o Ebit, o que significa
que o Magazine Luiza está ganhando participação em cima dos concorrentes.
“Em nossa opinião, quando olhamos para o atual cenário de mercado, com seus
concorrentes ainda em processo de remodelar seus negócios, deixando de gerar
verdadeiros retornos operacionais ou ainda implementando erraticamente uma
estrutura mais digital e integrada, vemos o Magazine Luiza como um player
diferenciado com uma mentalidade clara e inovadora e chassis operacional robusto”,
escreveu o Brasil Plural em relatório.
Além disso, surpreender investidores ficará mais difícil daqui para frente. “Encontrar a
base para avaliar o Magazine Luiza usando métricas convencionais de varejo,
financeiras e de avaliação tornou-se impossível”, afirmou o Itaú BBA em relatório.
“Os resultados do terceiro trimestre sugerem que, a partir de agora, o Magazine Luiza
terá mais dificuldade em continuar superando as expectativas, já que seu atual valor de
mercado forçou o mercado a elevar substancialmente o nível da empresa”, escreve o
banco.
Fonte: Portal Varejo ESPM