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Marcas próprias e novos modelos de negócios: o varejo brasileiro de 2025
O mercado de consumo brasileiro, seguindo as macrotendências, está em profunda
e rápida transformação. Simultaneamente, estamos saindo da maior recessão de
nossa história e o momento exige dos gestores, marcas e empresas, uma atenção
especial no que diz respeito aos seus tradicionais canais de distribuição e contato
com o cliente.
A relação da indústria com o varejo está também em transformação, impactado por
movimentos globais de consumo, pelo momento econômico brasileiro e por pressão
de resultados à curto prazo de ambos os lados.
A distância entre quem produz e quem consome está, de fato, sendo reduzida. Seja
por novas formas de consumo, em função da tecnologia, do surgimento de novos
modelos de negócio ou também do próprio momento do mercado. O varejo que
sempre exerceu o ponto de contato da indústria com seus consumidores, ajuda a
estimular esse contato direto da marca com seus clientes, quando surgem formas
mais convenientes de acesso ao que se deseja e o negócio do varejo não acompanha
essa demanda.
Novos modelos de negócios
Muitos se lamentam pela derrocada das nossas queridas livrarias. Porém, esse é
mais um exemplo de modelo de negócio de varejo que não conseguiu acompanhar a
nova economia e uma clara oportunidade para as editoras criarem um canal direto
de relacionamento com seus leitores apaixonados.
Todos nós temos uma relação emocional com as livrarias, porém o mesmo está
acontecendo com as concessionárias de automóveis e ninguém está criando
hashtags #salvemasconcessionárias. Estimamos que em 2025 o número de pontos
físicos de vendas de carro será reduzido de 25% a 35%. Sendo que as vendas de
automóveis novos serão realizadas diretamente da indústria por meios digitais.
Marcas próprias
Em mercados maduros as marcas próprias exercem um papel fundamental e
estratégico na busca por rentabilidade, reforço de posicionamento, gestão de
categorias ou complemento de oferta e sortimento.
No exercício de varejo brasileiro de 2025, em diferentes setores, estimamos um
fortalecimento e amadurecimento de marcas próprias. No setor farmacêutico, por
exemplo, categorias foco desempenharão um papel estratégico – representando de
5% a 10% do negócio. No setor de material de construção a estimativa que marcas
próprias vão alcançar entre 15 e 20% das vendas dentro das categorias que operam.
Essa é uma oportunidade para o trade das marcas buscarem por desenvolver novos
formatos dentro do varejo para não perder sua visibilidade e atratividade.
Foco do Varejo vs Foco da Indústria
Fato é que, neste período de retomada, busca-se incessantemente por melhoria dos
negócios e a realização imediata de resultados. A pressão no varejo por vender o
produto certo, no valor mais adequado, reforça a queda de braço na relação com as
indústrias. Em diferentes setores, o varejista quer vender “o pão quente”, que não
necessariamente é o mesmo que as marcas têm como expectativa.
E a indústria? Continua vendendo o “pão quente” via os canais de varejo, mas busca
por novos modelos diretos que fortalecem sua marca e posicionamento. O ponto de
reflexão que gostaria de provocar não é a indústria versus o varejo e sim, que a
transformação que o varejo sofre ajuda a acelerar o desenvolvimento de canais
diretos, apoiados na digitalização das relações de consumo e do momento do
mercado nacional. Se seu negócio ainda não tem um canal direto com seu cliente,
você está atrasado.
* Alexandre van Beeck é sócio-diretor da GS&Consult.
Fonte: Mercado & Consumo