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“Novas tecnologias” são bem-vindas. Mas e aquele cafezinho?
Eliminar o fator humano é modernizar? Na onda das “novas tecnologias”, que permitem ao ser humano entrar em uma loja e adquirir produtos sem precisar ter dinheiro no bolso, cartão de crédito na mão ou mesmo estabelecer contato, nem mesmo visual, com algum vendedor, essa é uma questão ainda a ser respondida.
Em minha primeira experiência em uma loja física repleta das novas parafernálias, percebi que esses brinquedos para adultos não garantirão, por si só, uma melhoria na experiência de consumo. No fim de tudo, contou a velha e boa gentileza.
Ao ser apresentada a multimarcas de cosméticos importados, a principal vantagem, afirmou a dona do espaço, era que eu não precisaria nem falar com alguém, só se quisesse.
Segundo ela, eu poderia acessar a gama de produtos oferecidos pela tela gigante de um terminal implantado na parede da entrada da loja e pagar com os dados já registrados no telefone celular. A grande vantagem disso tudo: ficaria livre das costumeiras insistências de vendedores ávidos por suas comissões.
Após acionar o QR code do produto, já pago pelo celular com o cartão cadastrado, dei início à retirada. Dirigi-me a uma imensa torre, localizada no meio da loja, na qual um braço mecânico busca minha caixinha e me entrega a encomenda.
É inegável que a nova tecnologia me permitiria driblar tudo que se classifica como mau atendimento. Também não se pode negar que possibilita ao cliente continuar olhando, experimentando ou até ir embora da loja, sem que isso se transforme em uma satisfação a ser dada.
Mas e aquele bom atendimento? Onde haverá espaço para ele?
Com o produto na mão, me dirigi ao fundo da loja e uma das funcionárias me perguntou se era para presente. Disse que sim e ela se deu ao trabalho de fazer um lindo pacote, me oferecer um copo d’água e ainda personalizar na fita do embrulho uma dedicatória com o nome de quem eu iria presentear. Imprimiu a mensagem na hora na fita dourada, que se transformou em laço.
Nada mais humano que isso! Nada mais gentil que isso!
– Você aceita um café? – perguntou a funcionária com um largo sorriso nos lábios.
– Claro, obrigada! – respondi, já sentindo o cheirinho e ouvindo o barulhinho da máquina vertendo a água quente.
Prova de que a tecnologia só deve valer para substituir os vícios de um mau atendimento. A atenção, a sensibilidade e a vontade de agradar o cliente são valores insubstituíveis.
Fonte: Portal Revista Varejo S.A