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O RH vai sumir? Os desafios da fronteira entre tecnologia e humanização
Passos importantes estão sendo dados em nome da inteligência, da
agilidade, da alta performance e da produtividade
Marketing, financeiro, linha de produção. Nos últimos anos, todos os
setores das empresas sentiram as mudanças causadas pela transformação
digital. Agora, finalmente, o avanço da tecnologia chegou ao RH –
atrasado, mas chegou. Frequentemente preterida em orçamentos ou
planejamentos estratégicos, a área ganha espaço e relevância. Talvez
menos pelo grau de prioridade que deveria ter, e mais pelo custo do
abandono.
Seja por um motivo ou por outro, o fato é que passos importantes estão
sendo dados em nome da inteligência, da agilidade, da alta performance e
da produtividade. Uma pesquisa da Catho indica que 51% dos profissionais
da área pretendem aumentar os investimentos em tecnologia nas
empresas em que trabalham em 2020. Não surpreende: ela representa
um importante aliado para quem trabalha com gente todos os dias.
Na na área de RH, no entanto, ninguém foi avisado de que essa mudança
aconteceria. Ela simplesmente chegou. E em muitos casos, chegou sem
saber o que área de fato demandava, de que seus usuários precisavam,
tampouco como os operadores reagiriam diante desse novo contexto.
O novo papel dos profissionais de RH
Um exemplo: qual é o novo papel de um analista de recrutamento e
seleção, que até há pouco percorria sempre o mesmo caminho (conhecido
e dominado) para encontrar o melhor candidato, agora que tem à
disposição mecanismos automatizados de triagem, diagnósticos e análise?
Como boa parte das etapas de um processo seletivo podem ser feitas por
meio de um aplicativo, esses profissionais serão reduzidos? Serão
avaliados como incompetentes, por serem menos assertivos que a
combinação de algoritmos? Não por acaso, há muitos profissionais
perdidos e inseguros diante disso tudo.
Estamos diante de um progresso vertiginoso, em que a área de Recursos
Humanos caminha para se tornar um exemplo de como o capital humano
e o tecnológico podem ser complementares, e não excludentes. Tudo bem
que isso não foi bem planejado. Mas os profissionais de RH sempre
tiveram flexibilidade, jogo de cintura e habilidade para demonstrar o valor
do seu trabalho. Farão isso novamente agora.
Uma espécie em adaptação
Esse profissional está sumindo? Tornando-se desnecessário? A espécie
será extinta? Não. O momento é de adaptação – e Darwin provou que a
espécie mais forte é a que melhor se adapta às transformações. Nossa
“espécie” – os profissionais de RH – está sendo chamada, nesse exato
momento, a viver essa mudança de patamar.
Não há receita, nem quem vá formulá-la. Os caminhos são descobertos a
cada dia, em cada empresa, em cada realidade. Mas um fundamento não
deve ser esquecido: podemos otimizar processos mecânicos, mas nunca
desumanizar as relações.
O relacionamento entre pessoas ainda é e sempre será algo que depende
da competência humana. A pessoalidade é essencial. A robotização do
relacionamento anula a interação. Deixa de ser relacionamento para a ser
auto-atendimento. Sempre precisaremos um do outro.
É chegado um tempo em que, finalmente, os profissionais de RH poderão
se dedicar ao que é o essencial das suas atividades: as pessoas. Por isso,
dou boas-vindas à tecnologia. É a parceira que faltava – porque nosso
negócio é mesmo gente.
*por Aparecida Morais – sócia da Recrutei, plataforma de recrutamento e
seleção para consultorias de RH, headhunters e pequenas e médias
empresas.
Fonte: Administradores.com