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Orgânicos pedem e ganham espaço nos supermercados
A onda dos orgânicos veio para ficar. Se até a pouco tempo o acesso a alimentos
orgânicos se dava apenas em feiras específicas ou através de pequenos produtores
hoje esses produtos estão mais acessíveis e já podem ser encontrados em grandes
redes como Pão de Açúcar e Carrefour.
Segundo o Organis – Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Saudável, o
crescimento do mercado de orgânicos no Brasil é irreversível, mas ainda falta muito
para se consolidar. “Nossa fatia do mercado mundial é de cerca de 1%. O lugar onde
mais se comercializa orgânicos é nos Estados Unidos, responsável pela metade do
faturamento mundial, que é de cerca de 100 bilhões de dólares. Em nosso país,
segundo revelou a nossa pesquisa de consumo de orgânicos realizada em 2017, 15%
dos consumidores brasileiros consomem orgânicos. Mas estimamos que este
mercado está crescendo cerca de 20% ao ano”, conta Cobi Cruz, diretor do Organis.
Para ele, o crescimento dos orgânicos no Brasil sempre foi obra do esforço e do
engajamento de produtores conscientes, comprometidos com as causas ambientais
e com adoção de práticas sustentáveis. “Mas agora, parece que há um cenário
muito favorável se formando. De um lado, temos um número cada vez maior de
consumidores conscientes, preocupados com a saúde e com a preservação do meio
ambiente. Do outro lado, temos as empresas que estão acordando para o fato de
que, ingressando no mercado de orgânicos, podem agregar muito mais valor às suas
marcas e conquistar novos clientes”, avalia Cruz.
Ainda segundo Cruz, o maior número de consumidores está na região sul, que
consomem orgânicos motivados pelos benefícios à saúde que eles oferecem.
Consomem mais frutas, legumes e verduras, e adotam um estilo de vida mais
saudável. Também reconhecem os benefícios dos orgânicos para o meio ambiente.
“O supermercado é o local mais comum para a compra de orgânicos, mas as feiras
também atendem uma parcela importante desse mercado”, afirma.
Mudança de comportamento
Com a ampliação do acesso à informação e a busca por um estilo de vida mais
saudável, as pessoas passaram a se interessar e procurar mais por alimentos
orgânicos. “É perceptível um perfil crescente de consumidores que buscam
alimentos com menor impacto socioambiental, mais saudáveis e mais sustentáveis,
que é o caso dos orgânicos, principalmente frutas, verduras e legumes, que não
utilizam agrotóxicos, nem transgênicos, respeitam a sazonalidade, além de também
considerarem aspectos sociais em sua produção”, comenta Susy Midori Yoshimura,
Diretora de Sustentabilidade do Pão de Açúcar.
Segundo ela, no Pão de Açúcar a demanda vem crescendo tanto na categoria
específica de orgânicos, como na categoria de saudáveis como um todo. “Merece
destaque de crescimento frutas, legumes e categoria líquida (vinhos, chás e água de
coco). Hoje temos em média mais de 600 produtos orgânicos em loja, nas mais
diversas categorias (frutas, verduras, legumes, mercearia, laticínios, vinhos etc.).
Investimos também em comunicação aos clientes no ponto de venda e nas redes
sociais com explicações sobre a categoria, além de dicas e receitas”, releva Susy.
A rede Pão de Açúcar foi pioneira no Brasil na venda de orgânicos no grande varejo.
“Os primeiros itens dessa categoria chegaram às nossas gondolas há mais de 20
anos. Hoje o segmento está consolidado na rede, que é referência no assunto com
100% das lojas dispondo de orgânicos, inclusive com uma marca própria (Taeq), que
possui uma grande variedade de itens orgânicos em seu sortimento”, conta Susy.
Ele ainda destaca que desde o início de 2018, a rede está implementando, também,
gradualmente o projeto ‘Espaço Saudável’ em suas lojas, reformulando a exposição
das categorias com a criação de uma seção exclusiva para as linhas de produtos mais
saudáveis e sustentáveis.
“A seção está presente em 20 lojas da nova geração do Pão de Açúcar e agrupa os
itens em quatro categorias: orgânicos, naturais, free from (englobando produtos
sem açúcar, sem lactose e sem glúten) e funcionais, voltado a alimentos com alto
benefícios à saúde além de suas funções nutricionais básicas”, diz.
Com o projeto, o Pão de Açúcar registrou crescimento de 20% em vendas dessas
categorias nas lojas onde o ‘Espaço Saudável’ já foi implantado, ante o ano anterior
ao projeto, e mais de 500 novos produtos dessas categorias foram adicionados ao
sortimento. Para este ano, o projeto deverá chegar a 30 unidades do Pão de Açúcar
até dezembro.
Também alinhado a essa mudança na cesta de compras do consumidor, o Carrefour,
por meio do movimento Act For Food, pretende duplicar até 2020 a participação de
orgânicos no total de produtos frescos vendidos em relação a 2017 e expandir a
nova seção de produtos ‘Saudáveis’, que facilita a escolha desses itens (orgânicos,
integrais, sem antibiótico e para dietas restritivas), para todos os hipermercados e
supermercados do país em 2019.
“Atualmente, a rede comercializa mais de 1.500 itens (SKUs) orgânicos em todas as
suas lojas físicas e e-commerce, sendo cerca de 1.000 alimentos frescos. Dentre as
marcas próprias da rede, a linha Viver, que reúne produtos para pessoas adeptas de
uma vida saudável ou uma dieta restritiva a preços competitivos para a categoria,
também oferece itens orgânicos, cerca de 120 itens (SKUs), incluindo frutas,
verduras e legumes, além de geleias orgânicas”, revela Stéphane Engelhard, vice-
presidente de Relações Institucionais do Grupo Carrefour Brasil. Segundo o
executivo, de maneira geral, os itens orgânicos mais procurados são frutas,
verduras, legumes e ovos, porém é crescente a demanda do consumidor brasileiro
por outros produtos orgânicos, frescos ou não.
Até o fim de 2019 o Grupo Carrefour quer estar com 100% das lojas com espaço
dedicado a produtos Saudáveis, hoje já implementado em 44 hipermercados. Além
disso, o Grupo também busca ampliar parcerias com produtores locais, a fim de
reduzir distâncias para as lojas e tempo até chegarem às gôndolas (menos de 24
horas), garantir o frescor dos produtos e reduzir perdas provocadas principalmente
por manuseio e transporte.
Do campo para o código de barras
Que o alimento orgânico é mais saudável ninguém duvida mas para que o
consumidor tenha total segurança na compra do produto também é preciso que os
varejistas estejam atentos à rastreabilidade desses alimentos. Para Nilson Gasconi,
executivo de Desenvolvimento Setorial da Associação Brasileira de Automação-GS1,
o principal objetivo da rastreabilidade é estabelecer a segurança dos alimentos e o
controle de qualidade dos produtos.
“Seja no segmento de produtos orgânicos ou não, o consumidor tem o direito de
saber tudo o que está colocando na mesa”, afirma. Segundo ele, a rastreabilidade
fornece informações como nome comum da espécie vegetal e a variedade, quando
houver, nome do produtor primário (preferencialmente), ou do distribuidor (no caso
de lote consolidado), município e estado de origem quando nacional, e o país, caso o
produto seja importado.
“Além disso, e muito importante, é o benefício de facilitar a retirada de produtos do
mercado em caso de qualquer eventualidade. Ter a competência de recolher os
lotes de produtos em curto prazo, antes que os consumidores sejam afetados, é o
objetivo maior de um serviço bem prestado e da conquista de confiança”, diz
Gasconi.
Ele ainda destaca que a padronização de dados dos bens alimentares na cadeia de
suprimentos se torna cada vez mais necessária e que movimento do varejo na
proteção do consumidor e na segurança dos alimentos é uma preocupação no
Brasil. De acordo com Gasconi o Carrefour é um exemplo significativo. O
supermercado participa do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de
Alimentos (RAMA), implantado pela Associação Brasileira de Supermercados para
orientar os supermercadistas sobre uso e controle de defensivos agrícolas em frutas,
legumes e verduras (FLV).
“Os padrões de identificação GS1 contribuem muito para o sucesso desse programa.
Outro exemplo de preocupação com a rastreabilidade de alimentos é o
Supermercados Pinheiro”, comenta. O grupo cearense atua no mercado desde 1979
com 11 lojas e um centro de distribuição para controle e gestão utilizando os
padrões GS1 para inserção data de validade e lote nas etiquetas dos alimentos
frescos embalados. “Esse trabalho envolve produtores de FLV (donos de marcas)
para correta identificação. Ultimamente, o Pinheiro Supermercado implantou o
padrão GS1 Databar para identificar FLV”, revela Gasconi.
Fonte: Newtrade