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Varejo Têxtil: Como a demanda por sustentabilidade e transparência o impacta
O varejo segue demostrando resiliência, apesar do cenário desafiador dos últimos meses. Na
capital paulista, por exemplo, o setor cresceu 1,6% no primeiro semestre deste ano em
comparação ao mesmo período de 2018, de acordo com o balanço de vendas da Associação
Comercial de São Paulo (ACSP).
Especificamente no varejo de moda, os números são ligeiramente mais altos. Em abril deste
ano, foram registrados mais de R$15 bilhões de reais em vendas, segundo o estudo do
Instituto de Inteligência de Mercado (IEMI). O valor é 0,4% maior em relação ao mês anterior
(março/19).
O crescimento nas vendas é uma das razões pelas quais o setor têxtil está entre os que mais
geram postos de trabalho no Brasil. Em 2018, a indústria de moda brasileira empregou mais de
um milhão de pessoas, que ajudaram a colocar no mercado interno e externo quase seis
bilhões de peças, que geraram R$ 144,9 bilhões em valores de produção. Os dados são do
Estudo do Mercado Potencial de Vestuário, Meias e Acessórios, que foi divulgado este ano
pelo IEMI.
Este desempenho levou a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), que representa
cerca de 100 grandes marcas, a apostar na retomada da categoria em 2019. A entidade
acredita que o aumento do nível de confiança do consumidor brasileiro pode impulsionar o
varejo de moda.
O crescimento da produção e das vendas acompanha, em paralelo, o aumento da preocupação
dos consumidores com sustentabilidade. É o que aponta a pesquisa Pulse of the Fashion
Industry, publicada este ano por Global Fashion Agenda, Boston Consulting Group e
Sustainable Apparel Coalition, que reúne marcas globais que lutam pela redução do impacto
social e ambiental dos produtos de vestuário fabricados no mundo.
De acordo com o estudo internacional, os compradores estão cada vez mais conscientes e
preocupados com a responsabilidade social e ambiental na indústria da moda.
Em território nacional, os temas foram investigados no estudo Causas, Engajamento e o Varejo
de Vestuário, produzido pela ABVTEX em parceria com a agência Cause e o Instituto
Locomotiva.
De acordo com a pesquisa, questões ambientais despontaram como as primeiras lembranças
quando os participantes foram questionados sobre causas relevantes relacionadas à
sustentabilidade.
Em um segundo momento, quando perguntados sobre causas que as empresas deveriam
tratar, 95% dos entrevistados se mostraram sensibilizados por questões sociais mais concretas,
como promover condições decentes de trabalho.
Já em relação ao setor têxtil, 95% dos participantes da pesquisa responderam que as
companhias devem, sobretudo, combater o trabalho semelhante à escravidão ou infantil.
Esta preocupação cada vez mais latente dos consumidores impacta o varejo de moda. As
companhias que agem de maneira socialmente responsável devem ser mais privilegiadas no
momento da decisão de compra dos clientes. E responsabilidade socioambiental na moda
ainda não é uma preocupação em boa parte do varejo nacional.
Ainda é preciso pensar de forma aprofundada sobre o tema, já que é cada vez mais urgente a
tomada de medidas mais sustentáveis hoje, para fazer a transição para uma indústria mais
ética no trato do meio ambiente e da sociedade.
Fonte: Novarejo