O lojista está interessado em oferecer realidade aumentada aos seus clientes, mas o estacionamento da loja continua precário? Quer investir em e-commerce, porém o cliente sabe mais do seu produto do que os próprios vendedores?  A questão neste caso não está em investir em tecnologia, mas sim em tratar problemas que não serão resolvidos com investimentos em inovações. Foi o que alertou Artur Igreja, especialista no tema, na palestra que abriu o segundo dia da 48ª Convenção Lojista do Comercio Lojista, em Joinville.

“O varejo deve usar a tecnologia para reduzir a burocracia. O relacionamento ainda é um atributo exclusivamente humano e apenas o comércio físico pode gerar experiências, algo que os consumidores estão cada vez mais interessados”, esclareceu Igreja.

Nos Estados Unidos, segundo ele, o comércio eletrônico tem a seu favor entregas rápidas e seguras e excelente infraestrutura nas conexões. Ainda assim, as vendas on-line nunca ultrapassaram 13% do total. “Não caia na tentação de digitalizar tudo, pois os bancos fizeram isso e hoje tentam resgatar a função dos gerentes de relacionamento, que sempre fizeram a diferença no contato com os clientes”.

Arthur Igreja é sócio de Alan Costa e Ricardo Amorim na plataforma ‘AAA’ e faz mais de 120 palestras por ano, no Brasil, Estados Unidos e Europa, com 25 anos de experiências acadêmicas e profissionais no exterior. Para ele, tão importante quanto o investimento em tecnologia digital é “retomar valores que foram perdidos pelo comércio tradicional”, como atendimento individualizado e o profundo conhecimento do cliente.

“Vendíamos produtos que deveriam durar para toda a vida, como o Fusca, por exemplo. Depois surgiram as vendas seriadas, caso das sucessivas versões de celulares e a fast fashion da Zara. Hoje se vende serviços e licenciamentos – como fazem a Uber, a Amazon, o Spotify e os patinetes da Grin”, relatou.