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Bê-a-bá Econômico: a inflação e sua influência em nosso dia a dia

Em um período em que a inflação volta a ser assunto frequente em telejornais, jornais, internet, você sabe o que é inflação? Não? Então. aprenda um pouco do assunto com as explicações do Analista de Estatística e Monitoramento da FCDL/SC, Diego Borges Barth. 1. O que é Inflação? – Diego: Inflação é o aumento generalizado e persistente do nível de preços de uma determinada cesta de produtos e serviços em um determinado período. Assim é um dos principais indicadores da saúde econômica dos países, pois tanto a alta inflação como a negativa podem indicar problemas econômicos. 2. O que entra na conta da inflação? – Diego: Cada índice possui uma metodologia única de cálculo, considerando uma faixa de renda, uma cesta de produtos e serviços específica e uma região demográfica. A existência de vários índices de inflação se deve ao fato de que a inflação não atinge todas as pessoas com o mesmo impacto. População de diferentes áreas e níveis de renda possuem diferentes perfis de consumo. Por exemplo, pessoas com menor renda estão com sua renda mais comprometida em produtos básicos, como arroz, feijão, pão, então, a alta nessa cesta de produtos, diminuirá o poder de compra dessa parte da população. Mas, para uma pessoa com uma maior renda o impacto diminui, já que a proporção da renda comprometida com a cesta básica é menor. 3. Como a inflação é calculada? – Diego: No Brasil há várias instituições que calculam índices de inflação. Entretanto o indicador oficial é o Índice Nacional de Preço ao Consumidor, IPCA, divulgado mensalmente pelo IBGE. Os índices de inflação são sempre uma estimativa da inflação, dado que é impossível visitar toda a população e todos os estabelecimentos. Então primeiramente os pesquisadores visitam uma pequena parcela de domicílios baseado na faixa de renda selecionada, formando uma amostra da população, para pesquisar o que essas famílias consomem e onde compram, assim reunindo todos os dados da pesquisa monta-se uma cesta de produtos e serviços padrão e seus respectivos pesos no índice, por exemplo, o peso do arroz irá ter um maior peso do que a farinha de milho, pois tem maior consumo. Depois da escolha da cesta padrão, os pesquisadores definem os estabelecimentos a serem visitados para a coleta dos dados. Após a coleta dos dados, os técnicos processam e calculam o índice de inflação, lembrando que este sempre vai ser uma variação percentual relativa a um determinado intervalo de tempo (mensal ou anual). 4. O que eu tenho com isso? – Diego: A inflação é um fenômeno natural da economia, somente seus comportamentos extremos representam problemas à economia. A inflação alta leva a uma diminuição do poder de compra, ou seja, uma cesta de produtos que antes compraríamos com uma quantidade de moeda passa a ter um maior custo no período seguinte, onde o consumidor irá precisar de uma maior quantidade de dinheiro para comprar a mesma cesta. Por exemplo, se a cesta básica custasse R$ 100,00 e no período seguinte essa mesma cesta aumenta para R$ 120,00, então temos uma inflação no período de 20%. O fenômeno da deflação é o inverso da inflação, que apesar de parecer benéfico na verdade pose se tornar pior do que a alta dos preços, especialmente se estiver aliado a um processo de contração econômica. A expectativa de queda de preços leva os consumidores a adiar as suas compras, levando a diminuição das vendas e redução dos salários por parte das empresas, criando uma “bola de neve” chamada pelos economistas de espiral deflacionário. 5. Quais as causas da inflação? – Diego: O fenômeno da alta dos preços pode ter várias causas, aqui destacamos as principais: • Oferta e Demanda: caso a produção de um bem seja menor que a demanda por esse produto, surgirão consumidores dispostos a pagar mais por ele, elevando os preços. • Gastos do governo: o governo aumenta os seus gastos, mas não tem receita suficiente para pagá-las. Neste caso ele tem duas saídas, aumentar impostos ou imprimir mais dinheiro. No primeiro caso o aumento da tributação será repassado ao consumidor levando ao aumento dos preços. No segundo, ao imprimir mais dinheiro, pode haver uma maior demanda do que oferta por produtos, que causa a alta dos preços. • Inercial: a inflação pode ser movida simplesmente pela a expectativa, empresários acreditam que haverá aumento de seus custos>aumenta preços do produtos>trabalhador perde poder de compra e pede aumento salarial> transformando-se num movimento continuo. • Custo de produção: é o repasse do aumento dos custos de produção, como salário, matéria prima ou despesas financeiras. Por exemplo, empresas normalmente necessitam de empréstimos para realizar seus investimentos, se a taxa de juros sobre inevitavelmente eles repassam esse custo ao consumidor. • Indexação da economia: a maioria dos contratos possuem fatores de correção baseado na inflação, ou seja, a inflação de hoje será a base para a inflação de amanhã. O caso clássico é a inflação dos contratos de aluguel, que são reajustados anualmente pela inflação passada, gerando inflação futura. 6. Quais as medidas para manter a inflação sobre controle? – Diego: O governo tem basicamente duas ferramentas de controle de inflação: diminuição dos gastos públicos e aumento da taxa de juros. As duas medidas trabalham na forma de diminuir a quantidade de dinheiro na economia, diminuindo a oferta. Mas a solução em longo prazo e definitiva é o crescimento da economia em longo prazo que ajusta a oferta à demanda.