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Controle de finanças aumenta entre os consumidores

Um levantamento da CNDL e do SPC Brasil em parceria com o Banco Central do Brasil (BCB) revela que cresceu o número de brasileiros que acompanham e analisam seus ganhos e gastos por meio de um orçamento, passando de 55%, em 2017, para 63% ao final de 2018. Ainda assim, mais de um terço (36%) dos brasileiros não administram as próprias finanças, embora esse resultado represente uma queda de nove pontos percentuais na comparação com a pesquisa anterior.
O caderno de anotações desponta como o mais utilizado para registrar a movimentação financeira, com 33% de citações. Já a planilha no computador é o instrumento preferido para 20% das pessoas ouvidas, enquanto 10% registram as receitas e despesas em aplicativos de smartphones. Considerando os métodos informais de acompanhamento dos ganhos e gastos, o mais frequente é o cálculo de cabeça, citado por 19% dos consumidores. Há ainda 13% que simplesmente não adotam qualquer método e 3% que delegam a função para outra pessoa.
O levantamento também descobriu que, considerando os que não administram as contas, as justificativas mais comuns são não ver necessidade do controle de todos os gastos, pois eles podem ser feitos de cabeça (23%), não conseguir ter disciplina para exercer a tarefa (18%), preguiça (12%) e falta de tempo (11%).
A dificuldade para manter as finanças em ordem também não é uma exclusividade dos que não controlam o orçamento. Em cada dez entrevistados que adotam um método de controle, seis (62%) disseram sentir dificuldades na tarefa, principalmente pelo fato de terem uma renda que varia de um mês para o outro (18%), ou em manter a disciplina para anotações regulares (17%).
Os itens que os entrevistados menos anotam são os gastos variáveis, como lazer, salão de beleza, compras de roupas e saídas para bares e restaurantes, que são deixados de lado por 25% dos entrevistados, assim como o valor que possuem na reserva financeira (24%).
Evitar compras por impulso ou desnecessárias através do planejamento das compras (90%), controlar as despesas da casa (90%), pesquisar preços (89%) e juntar dinheiro para adquirir bens de mais alto valor à vista (87%) são hábitos que os consumidores entrevistados mais citam como importantes no dia a dia.
No entanto, a prática está longe de ser frequente na vida dos entrevistados. Apenas 56% admitem ter disciplina para juntar dinheiro para comprar bens mais caros à vista. Outras atitudes que ficam aquém do desejado são planejar as compras para evitar o consumo impulsivo ou desnecessário (78%), realizar o controle dos gastos da residência (78%) e fazer pesquisa preço (83%).
De acordo com a pesquisa, 73% dos consumidores admitiram terem enfrentado, nos 12 meses anteriores à pesquisa, alguma situação na qual o orçamento familiar não foi o suficiente para quitar todas as contas e compromissos financeiros. Assim, muitos tiveram de se adaptar ao momento, como os 34% que cortaram gastos com lazer e saídas a bares e restaurantes e os 33% que mudaram hábitos de consumo, passando a comprar produtos mais baratos e a fazer pesquisa de preço. Há ainda 30% que fizeram cortes ou reduções nas compras de roupas, calçados e acessórios e 22% que recorreram a trabalhos informais (bicos) ou horas extras para aumentar a renda.
Por outro lado, há pessoas que decidiram recorrer ao crédito para pagar suas dívidas: 19% recorreram ao cartão de crédito e 16% fizeram empréstimos em instituições financeiras. Em média, o crédito de cada modalidade foi utilizado cinco vezes ao longo de 12 meses. “Uma pessoa em situação financeira vulnerável, ao buscar o crédito como solução para cobrir os gastos do mês, terá aumento em suas despesas, uma vez que há cobrança de juros. Para se manter dentro do orçamento, o caminho é rever os gastos, cortar despesas e evitar consumir o que está fora do seu padrão”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
A pesquisa foi realizada com 804 pessoas acima de 18 anos, todas as classes sociais e ambos os gêneros, nas 27 capitais. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.
Com informações: CNDL