As atualizações da NR-01 (Norma Regulamentadora nº 1), base de todas as normas de segurança e saúde no trabalho no Brasil, irão incluir aspectos de saúde emocional, relações interpessoais, cultura organizacional e condições de trabalho. A norma, que obrigará as empresas a avaliarem e gerirem riscos psicossociais no ambiente de trabalho, tem previsão de entrar em vigor a partir de 26 de maio de 2026.
À medida que a data se aproxima, as dúvidas e preocupações de empresários, clínicas de saúde do trabalho, contabilistas e profissionais de RH têm aumentado. Por esse motivo, a CDL Tubarão, por meio da Câmara de Gestão Estratégica de Pessoas, tem promovido uma série de conversas sobre o tema.
Nesta terça-feira (21/10), na sede da CDL, a psicóloga organizacional Luana Behling, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, Avaliação Psicossocial e Gestão de Riscos Psicossociais, trouxe exemplos práticos e reflexões sobre o assunto.
“A NR-01 trouxe a saúde mental para o centro das obrigações trabalhistas — não é mais tendência, é lei”, ponderou Luana.
Sobre a NR-01
Resumidamente, a NR-01 vai exigir que as empresas identifiquem e controlem riscos psicossociais de seus colaboradores, como estresse, assédio, sobrecarga e falta de pausas. O diagnóstico dos riscos deverá envolver entrevistas, observações e aplicação de questionários específicos.
As empresas com empregados CLT serão obrigadas a confeccionar um Inventário de Riscos Psicossociais. Somente um profissional qualificado poderá produzir o inventário. Além disso, o inventário deverá ser revisado a cada dois anos ou sempre que houver mudanças na estrutura, processos, tecnologias ou quando surgirem novos riscos.
“Não deixem para fazer o inventário na última hora. É um processo que exige tempo para compreender e mitigar os fatores de risco antes que virem crises”, insistiu Luana.
Penalidades
Ignorar as alterações da NR-01 terá seus custos. As empresas poderão sofrer multas entre R$ 1.799,39 e R$ 5.244,95 por colaborador. Além disso, negligenciar a saúde mental, refletiu Luana, pode trazer perdas com faltas frequentes por motivo de saúde, baixa produtividade por esgotamento ou desmotivação e a rotatividade dos funcionários, que aumenta gastos com demissões e treinamentos.
“Ignorar a saúde mental significa perder produtividade, imagem e talentos”, pontuou Luana.
Fatores de risco
Estudos apontam que os principais fatores de risco para a saúde mental são a sobrecarga de trabalho, a falta de autonomia, a comunicação deficiente, as metas inalcançáveis, a falta de pausas, uma liderança autoritária, a discriminação, o assédio e a ausência de reconhecimento.
Segundo dados da Fundação Getulio Vargas, 62% dos profissionais no Brasil já se afastaram por motivo de saúde mental. Já a pesquisa O Estado Mental do Trabalhador Brasileiro, conduzida pela MindMiners/Opinion Box, revela que 86% dos trabalhadores sofrem com ansiedade e 59% com sintomas de depressão. E a International Stress Management Association do Brasil aponta que 59% dos empregados relatam sintomas de esgotamento profissional.
Esses números, analisou Luana, indicam que o Brasil vive uma epidemia silenciosa de adoecimento emocional. “O futuro do trabalho passa pela saúde mental. Não há empresa saudável sem um time saudável”, destacou a psicóloga.
Próximos passos
A Câmara de Gestão Estratégica de Pessoas deve organizar novos encontros para avançar na discussão sobre o tema. A presidente da Câmara, Giselda Meneguel, salienta que a participação dos empresários junto com seus RHs é imprescindível para que compreendam a importância das mudanças na NR-01.

